O Governo de Portugal fixou o fim das centrais termoelétricas à base de carvão para 2023. Do ponto de vista ambiental isso é bom, uma vez que permite reduzir as emissões de gases com efeitos de estufa. Porém, representa um revés para a industria da construção, uma vez que deixa de haver cinzas volantes para o betão.
Criámos este blog para apoiar as empresas de betão pronto e os seus parceiros da construção, incluindo os projetistas, a ultrapassar o fim das cinzas volantes.
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Etiquetas: betão, cinzas volantes, especificação, projetistas
A atual situação, no que diz respeito à escassez das cinzas volantes, tem criado dificuldades às empresas produtoras de betão e, por conseguinte, às construtoras que se veêm privadas de fornecimento de betão e com obras paradas ou em ritmo mais lento do que o expectável, com os respectivos custos associados e cumprimento de prazos.
Entretanto, os projectistas começam agora a adaptar-se a esta nova realidade. Contudo, as obras atualmente em execução foram calculadas anos atrás, numa altura em que ainda não se sentia a falta das cinzas volantes. Por esta razão, existem casos que o dimensionamento partiu de uma classe de resistência mais baixa. Um exemplo prático: um cálculo dos elementos estruturais de um edifício em construção na orla costeira, onde a estrutura vai estar sujeita a um ambiente em que o ar contém sais marinhos, o que corresponde à classe de exposição XS1. Neste caso, a classe de resistência especificada para o betão é C30/37, possível, no caso de haver disponibilidade de cinzas volantes. Entretanto, esgotado o stock de cinzas volantes e como a obra não pode parar, é necessário passar para um betão só com cimento e uma classe de resistência mínima de C40/50 por forma a garantir a classe de exposição ambiental XS1. Todavia, como o projeto e o orçamento (apresentado em concurso) não tiveram em conta este incremento na resistência do betão, perde-se o potencial ganho económico, ficando unicamente o prejuízo do empreiteiro que vai pagar o betão substancialmente mais caro. De que outra forma as empresas construtoras podem contornar esta situação sem implicação de custos adicionais?
Não havendo alternativa para substituir as cinzas volantes, essa é a forma correta para garantir a estabilidade e a durabilidade da obra durante a vida útil de projeto.
Porém, em futuras obras é conveniente analisar bem os betões especificados no projeto antes de apresentar proposta, para evitar que este tipo de situações volte a acontecer.