O Dia do Betão 2025 reuniu especialistas da academia e da indústria para debater os temas mais prementes do setor. As apresentações focaram-se em quatro pilares fundamentais: a sustentabilidade na produção e transporte, a inovação em materiais e tecnologias, a resiliência das infraestruturas a eventos extremos como sismos e incêndios, e a importância da segurança no trabalho.
Ficou claro que o caminho para o futuro do betão passa por uma abordagem colaborativa, que integra a investigação científica com a aplicação prática para criar soluções mais eficientes, com menor impacto ambiental e maior valor para a sociedade.
Abaixo, pode encontrar o resumo e o link para cada uma das apresentações do evento.
1. Cimentos com baixo teor de clínquer – Gonçalo Almeida (CIMPOR)
Focada na descarbonização, esta apresentação detalhou a estratégia da indústria cimenteira para atingir a neutralidade carbónica. A redução do teor de clínquer, o componente mais intensivo em carbono do cimento, é um dos principais vetores. Foram abordadas as novas normas europeias (EN 197-5 e EN 197-6), que permitem a incorporação de novos materiais cimentícios suplementares (SCM), como as argilas calcinadas (LC3) e finos de betão reciclado, e o papel da CIMPOR na liderança desta inovação.
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2. Proteção Sísmica de Infraestruturas Críticas – Luís Guerreiro (Técnico Lisboa)
Luís Guerreiro desmistificou o conceito de isolamento de base como uma solução de engenharia avançada para garantir a operacionalidade de edifícios críticos, como hospitais, após um sismo. A apresentação explicou como esta tecnologia “desacopla” a estrutura do movimento do solo, protegendo não só o edifício mas também os seus conteúdos e ocupantes. Foram apresentados exemplos práticos e bem-sucedidos em Portugal e no mundo, demonstrando a sua eficácia.
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3. Comportamento de Estruturas de Betão sob Ação do Fogo – João Pedro Firmo (Técnico Lisboa)
Partindo de exemplos de incêndios reais, esta sessão explorou a complexa interação entre o betão e o fogo. Foram explicados os mecanismos de degradação do material a altas temperaturas, como o fenómeno de spalling (destacamento do betão). A apresentação cobriu as diferentes abordagens de dimensionamento previstas no Eurocódigo 2 e lançou um olhar sobre os desafios futuros, nomeadamente o comportamento ao fogo de novos betões sustentáveis e de armaduras não metálicas (FRP).
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4. Transporte de Betão Pronto: Efeito do aumento do peso máximo para veículos autobetoneira – Luís de Picado Santos (Técnico Lisboa)
Esta apresentação analisou o impacto do aumento do peso máximo dos camiões-betoneira de 32 para 36 toneladas. O estudo conclui que, embora exista um ligeiro aumento no dano ao pavimento, este não justifica ajustes na capacidade da rede rodoviária. Em contrapartida, os benefícios são significativos: uma redução de 17% nos quilómetros percorridos, uma diminuição de quase 9% nas emissões de CO₂, e uma poupança estimada em 1,8 milhões de litros de diesel, promovendo uma maior sustentabilidade económica e ambiental para o setor.
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5. Investigação, Desenvolvimento e Inovação (I&D&I) do C5LAB para a Indústria do Betão – Margarida Mateus (C5Lab)
A C5Lab foi apresentada como uma plataforma colaborativa essencial que une a indústria, a academia e o Laboratório Nacional de Engenharia Civil para acelerar a descarbonização do setor. A sua missão passa por desenvolver tecnologias inovadoras em áreas como a captura de carbono (CCUS), eficiência energética e novos materiais. Projetos como o DISCOVER, para a demolição inteligente, e o apoio na criação de Declarações Ambientais de Produto (DAP) foram destacados como cruciais para uma construção circular e de baixo carbono.
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6. A importância da Segurança no Trabalho – Luís Coelho (CEDROS)
Esta apresentação desafiou a abordagem tradicional e reativa à segurança no trabalho. Luís Coelho argumentou que as estatísticas de acidentes são, por si só, insuficientes, e que uma verdadeira cultura de segurança se baseia na prevenção e na análise das causas sistémicas, como a falta de planeamento e a má gestão de riscos. Foi sublinhada a importância de promover locais de trabalho genuinamente seguros e saudáveis, em vez de apenas reagir a incidentes.
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7. A Descarbonização do Setor do Cimento – Cecília Meireles (ATIC)
A ATIC apresentou o Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050 do setor cimenteiro em Portugal. Este plano estratégico detalha os principais vetores para a descarbonização, incluindo a eficiência energética, o uso de combustíveis alternativos, a redução do clínquer e a aposta em tecnologias disruptivas como o CCUS. A apresentação reforçou o compromisso da indústria com as metas nacionais e europeias, alinhando-se com o Pacto Ecológico Europeu.
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